será preciso dormir por quanto tempo?
esquecer o dia que parece mil
nesta tua estrada tudo é tão comprido
assim tão de repente e porque és tão exata
mas decerto acalmo ao te ver contente
quieto, me ponho acesso, te lembro
te procuro em minhas mãos, não te encontro
lamento o meio desconsolo, busco teu seio
então me recorto e te sobreponho
e és meu espelho, refletes saudades
e neste frio não programado, surpreendente
a luz se apaga e contigo sonho
e o dias não passam, num inverno meu não da gente
depois deste inverno,
segura minha mão?
Ficas (numa semana de pensamentos longe, lá no sul)
quinta-feira, maio 26, 2005
domingo, maio 08, 2005
jogos
gosto da tua meninice
de deixar de lado as coisas importantes
quando te apegas a um brinquedo qualquer
lembrando-me ainda que és tão inocente
que vives tão a leste de meu país
tão oeste sou, já me pus tantas vezes
enquanto nasces a cada dia, sem dormir
quem sabe sem despertar, vives reticente
em sonhos que não terminam
...
sim, medo eu tenho, de descobrir
que quem há de acordar
é o menino, deslumbrado
ao ver que te apegas a brinquedos
que não nos pertencem.
Ficas (algum tempo atrás)
*******
Querendo fazer sombra (ou talvez diminuir a culpa) no que escrevo, indico-lhes (com pretensão de que sejas plural):
A bela e pura
A bela e pura palavra Poesia
Tanto pelos caminhos se arrastou
Que alta noite a encontrei perdida
Num bordel onde um morto a assassinou.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar novo (1958)
de deixar de lado as coisas importantes
quando te apegas a um brinquedo qualquer
lembrando-me ainda que és tão inocente
que vives tão a leste de meu país
tão oeste sou, já me pus tantas vezes
enquanto nasces a cada dia, sem dormir
quem sabe sem despertar, vives reticente
em sonhos que não terminam
...
sim, medo eu tenho, de descobrir
que quem há de acordar
é o menino, deslumbrado
ao ver que te apegas a brinquedos
que não nos pertencem.
Ficas (algum tempo atrás)
*******
Querendo fazer sombra (ou talvez diminuir a culpa) no que escrevo, indico-lhes (com pretensão de que sejas plural):
A bela e pura
A bela e pura palavra Poesia
Tanto pelos caminhos se arrastou
Que alta noite a encontrei perdida
Num bordel onde um morto a assassinou.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar novo (1958)
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